O vírus da imunodeficiência humana (HIV) pertence ao grupo dos retrovírus, como são chamados os vírus que têm seu material genético composto por ácido ribonucléico (RNA), e não ácido desoxirribonucléico (DNA), material genético mais comum nas células. Está incluído ainda na família dos lentivírus, que reúne os vírus causadores de doenças que demoram muito a se manifestar (têm grande período de latência). É um retrovírus não-citopático (não destrói as células em cultura no laboratório) e não-oncogênico (não causa câncer). Para multiplicar-se, precisa da enzima transcriptase reversa, que promove a transcrição de seu RNA, gerando uma cópia DNA que pode se integrar ao genoma do hospedeiro e provocar em seu sistema imunológico os efeitos danosos que caracterizam a Aids. O HIV compartilha muitas propriedades morfológicas, biológicas e moleculares com outros lentivírus que afetam animais, incluindo o vírus visna, o vírus da encefalite-artrite caprina e vírus da anemia infecciosa eqüina. Como o HIV em humanos, tais vírus causam doenças graves e progressivas nos animais infectados, incluindo degeneração do sistema nervoso. Estudos filogenéticos sobre esses vírus -- que visam compreender sua evolução, com base em material genético -- indicam que o HIV-1 e o HIV-2, as duas formas identificadas em células humanas infectadas, têm uma origem comum. Esse novo vírus teria se desenvolvido, provavelmente por mutação natural, a partir do vírus da imunodeficiência símia (SIV), encontrado em macacos africanos. Estima-se que essa transição tenha ocorrido em algum momento entre 40 e 280 anos atrás. A mutação é favorecida, no caso dos retrovírus, porque o processo de transcrição reversa (de RNA para DNA), a principal caraterística desse tipo de vírus, propicia erros que geram grande número de mutantes (cópias diferentes). Sabe-se hoje que inúmeros retrovírus foram sendo integrados ao genoma dos diferentes organismos, enquanto as espécies, entre elas a humana, evoluíam. Com isso, vários tipos de retroelementos (variantes genéticos produzidos por mutação) passaram a fazer parte do genoma humano, com atividades específicas no nosso organismo e sem capacidade infecciosa. No entanto, tais retroelementos podem sofrer mutação, induzida por mecanismos ainda desconhecidos, que eventualmente levam ao desenvolvimento de doenças, em especial as doenças auto-imunes (aquelas em que o organismo se auto-agride). Tais mutações também seriam capazes de gerar vírus patogênicos e transmissíveis a outros hospedeiros. Teorias como essas poderiam explicar a origem de novos vírus, mas sua comprovação ainda depende de muitos
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